Álvaro Nogueira e Gerhard Beutling: Conversando com os Mestres Cervejeiros
Para contar um pouco mais sobre a profissão de mestre-cervejeiro e sobre o mercado de cervejas no Brasil conversamos com dois nomes de peso, Alvaro Dertinate Nogueira, mestre-cervejeiro do Senai em Vassouras, e Gerhard Beutling, mestre-cervejeiro da Eisenbahn
Longe de se tratar de um simples conhecedor do assunto, o mestre-cervejeiro é o profissional graduado responsável por desenvolver as fórmulas e controlar o processo de fabricação de cada cerveja comercializada. Toda fábrica, toda cervejaria, desde as cervejas populares até as cervejas gourmet, têm seus mestres.
Porém, para ter um diploma como esse é preciso muito tempo e dedicação. Existem somente quatro escolas na Alemanha e uma nos EUA que formam esse tipo de profissional. No Brasil, apenas o Senai da cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro, oferece curso técnico na área. Mas, depois de fazer o curso, o profissional tem que viajar ao exterior do mesmo jeito se quiser tirar o tão sonhado diploma de mestre-cervejeiro.
Para contar um pouco mais sobre a profissão e sobre o mercado de cervejas no Brasil conversamos com dois nomes de peso. Acompanhe abaixo os melhores momentos das entrevistas com Alvaro Dertinate Nogueira, mestre-cervejeiro que trabalha no Senai em Vassouras, RJ, e com Gerhard Beutling, mestre-cervejeiro da Eisenbahn de Blumenau, SC.
Como e onde foi a sua formação como Mestre-Cervejeiro?
MC Alvaro: Inicialmente fiz dois anos de estágio, entre 1987 e 1989, na Cia Antarctica Paulista. Depois fui para Alemanha e fiz o curso de dois anos na Doemens, em Munique. Ao final do curso, fiz a prova de mestre-cervejeiro na HWK (Câmara de Comércio). Porém eu considero o início da minha carreira como cervejeiro desde que trabalhei na Antarctica, em 1979, como técnico químico. Foi a partir desse ano que eu tive contato com a arte da produção de cerveja. Como mestre-cervejeiro vale o ano de 1991, quando voltei da Alemanha.
MC Gerhard: Iniciei a profissão como aprendiz de mestre-cervejeiro e depois cursei a TU Munchën (Weihenstephan), onde me formei. Comecei o aprendizado em 1971 e me formei em 1977.
Onde já trabalhou?
MC Alvaro: Nos laboratórios da Antarctica, central e de microbiologia e nas unidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Jaguariúna, São Luiz, Natal, Cuiabá e Manaus. Durante dois anos também trabalhei na AmBev em projetos corporativos andando em 14 unidades produtoras no Brasil e na Venezuela. Atualmente trabalho no Senai-RJ, no Centro de Tecnologia de Alimentos e Bebidas da cidade de Vassouras.
MC Gerhard: Antes de vir para a Eisenbahn, trabalhei durante 25 anos na Cia. Cervejaria Brahma.
Quais cervejas já fez?
MC Alvaro: Pilsen de várias formulações. A Kronembier, a Bavaria e a Bohemia, com participação direta no desenvolvimento. Também fiz um tipo Weissbier artesanal no laboratório de microbiologia, ainda dentro da Antarctica.
MC Gerhard: Cervejas como Brahma Extra, Brahma Chopp, Malte Noventa, Malzbier, Skol e Caracu. Na Eisenbahn, faço cervejas como a Pilsen, Pale Ale, Dunkel, Weizenbier, Orgânica, Weizenbock, Kölsch, Weihnachts Ale, Rauchbier, Strong Golden Ale e Cinco.
Qual ainda não teve a oportunidade mas gostaria de fazer?
MC Alvaro: Uma vintage seria o máximo.
MC Gerhard: Existe uma variedade de cervejas que ainda não tive a oportunidade de fazer e uma delas seria um legítimo Pils.
Investir em uma carreira como essa no Brasil vale a pena? Por quê?
MC Alvaro: Sim, o retorno no mercado de hoje é compensador. Várias indústrias estão procurando cervejeiros e a falta de profissionais faz o retorno financeiro ser maior. Mas o que dá mesmo prazer é ver o resultado no copo. Isso vale a pena.
MC Gerhard: Apesar do crescimento do setor, esse é um mercado bem restrito. Um investimento nessa área deve ser analisado com muito cuidado pois o custo é relativamente alto e o retorno pode não ser o esperado.
Na sua avaliação, como está o mercado brasileiro para cervejas especiais?
MC Alvaro: Cerveja especial é um mercado apaixonante, seja essa cerveja apenas uma pilsen puro malte, seja uma triple de sabor duvidoso para a maioria da população. Cerveja especial tem que ser classificada e ser divulgada como tal.
MC Gerhard: Este é um mercado em expansão no Brasil, com um longo caminho pela frente.
O público brasileiro está interessado na cultura da cerveja? Por quê?
MC Alvaro: Tenho certeza que está sim. Tenho recebido muitas consultas de alunos em término de curso que querem desenvolver trabalhos de conclusão de curso baseados na indústria cervejeira. Sou procurado para escrever artigos sobre cerveja, ora artigos técnicos para revistas e publicações da área, ora artigos para leigos. Além disso, escrevi um livro – “Sua Excelência a Cerveja” – que teve uma boa recepção entre apaixonados por cerveja e profissionais da área. Participo de palestras em universidades principalmente para falar sobre cerveja, harmonização, processos fermentativos, caracterização, etc. Outro fato que me faz ter certeza de que o brasileiro está interessado na cultura cervejeira é o lançamento do Guia da Cerveja pela Editora Casa Dois, já no seu segundo ano consecutivo.
MC Gerhard: Sim, com a entrada das cervejas especiais no mercado esse interesse vem aumentando a cada ano.
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